Hoje não quero (...)

Hoje não quero mudar tudo em que acredito. Hoje não quero ser mais diferente ainda do que o habitual.

Quero risos, não quero apenas suster a respiração do público. Não quero sentir o seu espanto e não quero que ele me percorra todo o corpo e me dê ainda mais poder para fazer o que gosto. Quero aplausos, não quero perplexidade.
Hoje desejo carinhos, não apenas olhares de respeito e não quero ficar num nível superior. Quero piadas e vou dar sorrisos, não vou simplesmente agir com uma maturidade de que toda a gente está à espera.
Não vou cumprimentar quem já me deitou abaixo e não vou ver a sua admiração com um enorme prazer. Não vou deixar debaixo da cama os sonhos e não vou enfrentar a realidade para assim saber melhor como a vencer.
Hoje vou perdoar só para não arranjar problemas. Não vou defender os meus ideais, doa a quem doer e vou preocupar-me minimamente com isso. Não vou desligar o telemóvel e o computador e por uma vez não vou andar descalça na relva com o vento a bater-me na cara e aí, não vou relembrar o que é ser livre.
Quero olhares de pena e de censura, quero lágrimas e sonhos desfeitos.